FBI registrou US$ 3,5 bilhões de prejuízo em crimes cibernéticos denunciados em 2019
O FBI, a Polícia Federal nos Estados Unidos, publicou o relatório anual de crimes cibernéticos (o " Internet Crime Report") com os dados referentes ao ano de 2019. De acordo com o órgão, os 467.361 crimes denunciados somaram US$ 3,5 bilhões de prejuízo (cerca de R$ 15 bilhões) para as vítimas.
Praticamente metade das perdas, US$ 1,7 bilhão, ocorreu por conta de fraudes do tipo Business Email Compromise (BEC). Nesse tipo de crime, o golpista engana funcionários de uma empresa através de mensagens de e-mail para que pagamentos sejam realizados em uma conta controlada pelos hackers.
O BEC pode ser realizado de forma bastante simples, usando apenas um e-mail semelhante ao de um fornecedor da empresa para falsificar uma cobrança, por exemplo. Mas há versões mais sofisticadas do golpe, em que os hackers invadem a rede da empresa para procurar informações sobre pagamentos e fornecedores, além de invadir a caixa de correio de executivos para enviar ordens a outros departamentos.
Em alguns casos, o criminoso pode até registrar uma empresa de verdade, com nome parecido ou idêntico ao de um prestador de serviço ou fornecedor de produto.
Publicado desde 2015, o relatório do FBI registrou aumentos no número de crimes e nos valores dos prejuízos todos os anos. No entanto, como a iniciativa ainda é recente e muitos desconhecem a central de denúncias do FBI, é possível que o crescimento seja causado apenas por um aumento na proporção dos crimes denunciados. Em 2019, apenas 8 denúncias foram recebidas de vítimas no Brasil.
O órgão norte-americano recebe denúncias do mundo todo pelo portal ic3.gov. Os prejuízos podem ser calculados porque o FBI pede que os denunciantes informem dados das transações financeiras envolvidas na fraude.
Graças às denúncias, o FBI afirmou que conseguiu recuperar US$ 300 milhões que estavam perdidos. O valor equivale a 79% do montante que o FBI considera "recuperável" para sua equipe local, ou seja, de transferências realizadas para contas dentro dos Estados Unidos. O órgão mantém um departamento dedicado para contatar as instituições financeiras e tentar reaver o dinheiro das vítimas.
Fraudes contra idosos
O FBI destacou que muitas fraudes vitimam idosos. As vítimas não são obrigadas a informar a idade quando relatam um crime, mas 68.013 denúncias especificaram a idade como "acima de 60". Esse grupo teve um prejuízo de US$ 835 milhões. De acordo com o FBI, criminosos acreditam que esse grupo possui mais recursos financeiros, o que os torna alvos de mais golpes.
A fraude mais comum contra idosos é o romance falso, em que o golpista finge interesse romântico na vítima para pedir dinheiro ou convencê-la a adquirir produtos.
Outra fraude relevante contra esse grupo é o suporte técnico falso. Os criminosos entram em contato com a vítima informando que há um problema com o computador dela que precisa ser resolvido.
O "serviço" fajuto pode ser cobrado, mas também é possível que os criminosos aproveitem a situação para convencer a vítima a instalar e configurar um programa de acesso remoto.
Vírus de resgate e outras fraudes
O FBI registrou US$ 8,9 milhões (cerca de R$ 38,27 milhões) em prejuízos relacionados a vírus de resgate.
O prejuízo ficou bem abaixo de outras categorias de cibercrime, como a não entrega de produtos (US$ 196,5 milhões) e phishing (US$ 57,8 milhões). O FBI tem ainda uma categoria para outros tipos de extorsão, que gerou prejuízo de US$ 107,4 milhões.
Vazamentos de dados em empresas também aparecem no relatório, com prejuízo de US$ 53 milhões.