O mundo virtual nos observa
Talvez você não se lembre, mas em 2014 surgiram as primeiras notícias alarmantes de que o Google Chrome teria a capacidade de “ouvir” o que o usuário fala, mesmo depois de fechar o navegador (jan. 2014, Olhar Digital). Cinco anos depois, frente a uma virada de década, ainda vemos notícias de pessoas se sentindo cada vez mais expostas e tendo sua vida pessoal invadida não só pelo Google, mas muitas outras empresas e aplicativos.
Em março deste ano, o jornal online Diário da Região, de São José do Rio Preto, publicou uma matéria em que, mais uma vez, conta a história de vítimas desta exposição de dados, estes que muitas vezes sequer são compartilhados em algum dispositivo eletrônico antes de serem capturados. O artigo conta que um dos maiores problemas de vazamento de informações hoje em dia não pode ser chamado de ‘vazamento’. Acontece que um usuário concede, desnecessariamente, permissões de acesso a diversos aplicativos, estes que grande parte das vezes garantem seus direitos de uso das informações e dos acessos nos termos de uso, que raramente são lidos.
A porcentagem maior desses aplicativos acaba por vender os dados do usuário para empresas que, a partir deste conteúdo, vão poder personalizar o tipo de anúncio, notícias e informações que este usuário vai receber, o que resulta em geral em mais compras e divulgações de informações específicas por parte do usuário.
estes dados podem incluir localização em tempo real, gravação de áudio e vídeo, capturas de tela, imagens pessoais e quaisquer tipos de dado ou arquivo que estejam no dispositivo.
Essa possibilidade para a venda de dados em si já é um problema. Mas a situação pode ficar ainda mais perigosa quando os aplicativos que captam os dados não são confiáveis, muitas vezes não sendo provenientes de repositórios oficiais, e optam por vender os dados para espionagem, chantagem etc. Lembrando, ainda, que estes dados podem incluir localização em tempo real, gravação de áudio e vídeo, capturas de tela, imagens pessoais e quaisquer tipos de dado ou arquivo que estejam no dispositivo.
Como de pouco adianta se preocupar com a notícia sem saber como agir a partir de agora, listo abaixo alguns passos para que você possa saber que tipo de informação a internet tem sobre você e como impedir que mais dados sejam capturados.
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1 - Aplicativos e programas
Se o confiável já não é tão confiável, quanto mais confiável melhor. Fez sentido?
Antes de fazer o download de qualquer tipo de software, tenha certeza de que:
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A fonte ou repositório são oficiais;
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Que o software selecionado é correto e não alguma versão genérica ou falsificada;
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Verifique a reputação, a avaliação e os comentários;
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Preste atenção às permissões que vai conceder e reflita se tal software realmente precisa de acesso aos seus contatos para funcionar;
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Leia os termos de uso, SEMPRE.
2 - Redes sociais e mecanismos de busca
Como mencionei no início, um dos primeiros alarmes quanto à captura de dados online foi a respeito do Google. Infelizmente, esta não é a única companhia que se dá ao luxo de reter nossas informações pessoais. Saiba o quê algumas redes retiveram sobre você:
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Facebook: acesse ‘Configurações’ e ‘Suas informações no Facebook’. Nessa página você pode acessar, gerenciar e baixar todas as informações que o Facebook tem sobre você. Além disso, você pode excluir suas contas e informações da rede.
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Twitter: vá para ‘Configurações e Privacidade’ e acesse a aba ‘Seus dados do Twitter’. Ali você pode solicitar o download de seus dados do Twitter e do Periscope.
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Instagram: acesse ‘Configurações’ e depois ‘Privacidade e segurança’. Ao fim da página há uma opção para download de dados.
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Google: na seção ‘Google Conta’ acesse a aba ‘Dados e Personalização’. Ali você você pode ver sua atividade (que inclui atividades feitas por você e gravadas de você) e como os anúncios estão personalizados. Você pode gerenciar e controlar suas atividades ali também.
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Atividade geral na Internet: alguns sites, preocupados com a captura de dados, fazem uma busca geral pelo mundo virtual para te mostrar como nossas informações são vulneráveis e estão sendo acessadas constantemente. Dois sites que fazem isso são YourAdChoices e WebKay.
Como se proteger
De fato, fica cada vez mais difícil fugir deste tipo de exposição. Por isso, é importante que tomemos todas as medida possíveis para evitar que tenhamos nossos dados capturados, mesmo que para fins “apenas” publicitários. Algumas formas de fazer isso:
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Se comunique por meio de aplicativos que garantam a criptografia do conteúdo. O WhatsApp é um dos comunicadores que garantem essa funcionalidade, ao menos por enquanto.
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Certifique-se de que o navegador que você usa (Chrome, Firefox etc) está minimamente protegido com extensões como AdBlock, que bloqueia anúncios e spams indesejados; RedMorph, que bloqueia sinais de rastreamento; entre outros. Mas lembre-se qualquer aplicativo, programa ou extensão de proteção devem sempre ser oficiais.
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Tenha cuidado com o tipo de conteúdo que vai compartilhar, mesmo por mensagens criptografadas. Imagens sensíveis, mensagens comprometedoras… Qualquer dado corre o risco de ser vazado. Nunca é demais policiar quais informações forneceremos ao mundo virtual.
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Para o bem ou para o mal, a exposição de dados tende a aumentar. Isso porque cada vez mais requeremos transparência de órgãos governamentais e grandes empresas, o que acaba implicando em políticas gerais para a captura e uso de dados dos usuários.
Fique atento aos seus dados no mundo virtual do mesmo modo que protege seus documentos físicos. Dados virtuais são igualmente importantes e muitas vezes mais perigosos.
Produção: Equipe de Conteúdo Perallis Security
Bibliografia:
https://www.nytimes.com/2017/07/03/smarter-living/how-to-see-what-the-internet-knows-about-you.html
https://www.nytimes.com/2016/11/17/technology/personaltech/encryption-privacy.html?module=inline