PIX: como usar o recurso de forma segura?
Não há como negar: o PIX é um sucesso. O Brasil se destacou mundialmente ao inaugurar o novo método de pagamentos em outubro de 2020, consagrando-se como o primeiro país a ter um sistema eletrônico federal de transações financeiras interbancárias em tempo real e ininterrupto — não há nada similar nem mesmo na Europa, Ásia ou América do Norte. Segundo estatísticas do próprio Banco Central do Brasil (BCB), já são mais de 381 milhões de chaves cadastradas e 1,2 bilhão de transações efetuadas até dezembro de 2021.
Tanto sucesso não é para menos. O PIX facilita muito a vida do cidadão, que pode transferir valores em uma velocidade jamais vista antes, sem ter que pagar nenhuma taxa bancária, a qualquer lugar e a qualquer momento do dia. Tornou-se desnecessário ter diversos dados bancários (agência, conta, CPF, entre outros) do remetente de uma remessa: basta saber sua chave, que pode ser um email ou seu número de celular. O dinheiro cai na hora na conta do beneficiário, sendo um método ainda mais ágil do que o até então queridinho TED.
Obviamente, nem tudo são flores. Não demorou muito para que criminosos cibernéticos começassem a encontrar formas de lesar a população — especialmente os internautas e cidadãos menos acostumados com novas tecnologias — e aplicar golpes envolvendo o novo método de pagamentos. Presenciamos até mesmo uma onda de sequestros-relâmpago motivados pelo PIX: afinal, ficou muito mais fácil ameaçar alguém de forma violenta a transferir todo o saldo de sua conta de forma imediata.
Faz um PIX — seguro! — aí
Felizmente, existem algumas dicas simples que podem lhe ajudar a desfrutar do PIX com maior tranquilidade. Trataremos, primeiramente, das medidas de proteção no mundo digital, para evitar fraudes e golpes:
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Tome cuidado com suas chaves. Embora o sistema PIX permita que você utilize seu CPF, e-mail e até número de telefone celular como identificador para as transações, é bom lembrar que nunca é interessante tornar essas informações públicas ou compartilhá-las com desconhecidos. Por isso, prefira usar uma chave aleatória — que, como seu nome sugere, é um conjunto randômico de caracteres.
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Atente-se aos QR Codes. Eles também são uma forma de transferir dinheiro para alguém pelo sistema PIX: basta “ler” o código e confirmar o valor da transação, sem ter o incômodo de digitar a chave. A questão é que muitos golpistas “falsificam” QR Codes, especialmente em páginas web, para que você faça a transferência para a conta deles sem perceber. Sempre confira o remetente do valor!
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Cuidado com links e e-mails suspeitos que teoricamente são comunicados de sua instituição bancária. Nenhum banco lhe mandará um SMS pedindo para você confirmar sua senha ameaçando lhe bloquear do sistema PIX. Esse tipo de mensagem não é nada mais e nada menos do que o famoso phishing, que tenta roubar informações confidenciais de internautas desatentos.
E no mundo “real”?
Observando o aumento no número de sequestros-relâmpago e assaltos nos quais os criminosos forçaram as vítimas a transferir todo o seu saldo bancário via PIX, o BCB obrigou todas as instituições financeiras que adotaram o sistema a implementar mecanismos de segurança para impedir esse tipo de manobra. Por isso, hoje, já é possível configurar o aplicativo de seu Internet Banking para limitar a quantidade de dinheiro que pode ser transferido através de transações PIX.
Não conseguiríamos fazer um tutorial universal, visto que cada app de cada banco possui suas particularidades. Porém, basta dar uma vasculhada no software e você certamente encontrará a funcionalidade de limitar, por exemplo, a transferência de no máximo R$ 5 mil no período diurno e R$ 1 mil no período noturno via PIX. Os ajustes desses valores precisam ser aprovados previamente e geralmente demoram até 24 horas, o que desestimula a ação dos criminosos.
Isto posto, fica a dica: ajuste esses limites para a sua realidade e rotina financeira. Mantenha-os a um nível baixo, especialmente para o período da noite (sobretudo se você for uma pessoa que se desloca com frequência após o pôr do sol).